Farol de Mosqueiro

Farol de Mosqueiro
Farol de Mosqueiro

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

As praias de Mosqueiro.

Um dos maiores tesouros e certamente seu maior atrativo turístico até os dias de hoje trata-se do colar de vinte e duas (22) praias. Algumas são velhas conhecidas, outras foram descobertas nas últimas décadas e ainda temos algumas cujos encantos são de conhecimento de poucos privilegiados.
  
Embora não seja uma tarefa fácil estabelecer os limites entre as baias da região, três (3) delas são responsáveis por banhar as suas areias: ao norte a baia do Sol; ao sul a baia de Santo Antônio; e a oeste a suntuosa baia do Marajó. O regime de marés, típico do estuário amazônico, alterna “preamar” e “baixamar” de 6 em 6 horas. A localização de algumas delas e as condições de vento costumam oferecer um belo espetáculo de ondas de água doce que permitem a prática do Surf.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Abaixo o leitor do blog Mosqueiro Pará Brasil terá oportunidade de conhecer algumas características dessas praias, bem como curiosidades decorrentes da cultura local. A listagem segue o sentido sul para norte, percorrendo toda a sua costa ocidental. Não existem praias na costa oriental.

Praia do Areão: No local havia um grande areal que com o passar do tempo foi dando lugar a uma colônia de pescadores. Antigos moradores afirmam ter visto por aquelas paragens a Cobra Grande (Boiúna) e a ela atribuem o movimento das areias. Seus frequentadores podem apreciar parte da estrutura da Fábrica Bitar, primeira a produzir pneus no Brasil, bem como as ilhas de Tatuoca, Cotijuba, Caratateua, entre outras. Ele está voltada para a baia de Santo Antônio.


(Foto: João Araújo)

Praia da Ponte: Com acesso direto através da praça da Matriz, nela foi construído o trapiche da Vila de Mosqueiro em 6 de setembro de 1908. Pela sua localização proporciona uma visão do “pôr do sol” inigualável aos seus visitantes. Ela está voltada para a baia de Santo Antônio.

(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)

Praia do Bispo: Em sua orla o Arcebispado de Belém possuía uma casa de repouso que costumava ser utilizada para retiros religiosos. Na sequência os Maristas adquiriram a propriedade. Segundo alguns moradores da ilha, no passado, um bispo se apaixonou por uma bela mulher e por ela perdeu a cabeça. Hoje, em dias de lua cheia, quem passa por lá está sujeito a encontrar vagando um bispo sem cabeça. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: João Araújo)

Praia Grande: Embora o trecho que permite acesso direto seja relativamente curto, ela apresenta grande extensão. Isso decorre do fato de várias casas terem sido construídas em sua orla, obstruindo o acesso direto. Os adeptos do Candomblé costumam deixar nas suas areias as oferendas aos Orixás. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Prainha do Farol: O próprio nome sugere, ela é pequena, porém seu charme é enorme. Ainda hoje abriga os barcos de uma colônia de pescadores que todos os dias partem em busca do alimento de muitos. Antigos moradores afirmam que esta praia costuma ser o refúgio predileto do Boto, depois de visitar as festas da Ilha e seduzir as moças, é por lá que ele escapa. Ela está voltada para a baia do Marajó.



(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)

Praia do Farol: Na ponta da praia, próxima à uma formação de pedra denominada “Ilha dos Amores” foi instalado o farol que orienta os navegadores. Nesta privilegiada região da ilha, é possível assistir, em todo o seu esplendor, tanto o nascer como o por do Sol. Esta é uma das praias frequentadas pelos surfistas e em sua extremidade encontramos o Hotel Farol, um dos mais tradicionais de Mosqueiro. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)

Praia do Chapéu Virado: Colonos portugueses fabricavam no local, chapéus com abas denominadas beiras. Para alguns historiadores a expressão “chapéu beirado” teria se convertido, com a pronúncia portuguesa, em “chapéu birado” e depois “chapéu virado”. Outra possibilidade é a da possível corruptela cabocla que identificava a beira como a parte virada do chapéu. Nesta praia, no século XIX, membros do movimento Cabano, entrincheirados, resistiram contra as forças do opressor e em defesa da liberdade dos paraenses derramaram seu sangue. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: João Araújo)

Praia do Porto Arthur: Homenagem ao comendador Arthur Pires Teixera, um dos primeiros a construir casa de veraneio naquele trecho da orla e grande incentivador do desenvolvimento de Mosqueiro tendo liderado o movimento pela construção do Ferril-Carril (Bonde), Mercado, Cinema e outros empreendimentos. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Murubira: No início da colonização, as ordens religiosas, particularmente os jesuítas, tiveram grande importância quando o assunto era a catequização dos indígenas. Assim sendo instalaram diversas aldeias com índios submissos, uma dessas aldeias estava localizada em Mosqueiro e se chamava “Aldeia Morobira”. No tupi, significa “homem forte” ou “homem vigoroso”. A praia do Murubira é uma referência à “Aldeia Morobira”, da mesma forma que o rio Murubira, cuja nascente esta localizada por trás da enseada. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: João Araújo)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Ariramba: Nesta região o pássaro de costas cinza e peito roxo e branco, conhecido como “pica- peixe” buscava o seu alimento, por este motivo, a praia recebe o nome de Ariramba que no Tupi significa “pássaro livre”. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do São Francisco: Seu nome homenageia o santo padroeiro da ecologia, aquele que sempre defendeu os animais como criaturas de Deus. Em uma das extremidades da praia verificamos a instalação de antenas da EMBRATEL, na outra temos um loteamento em uma península que no passado foi um cemitério, conforme foi constatado por pesquisadores da UFPA. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Carananduba: Esta localizada em bairro de mesmo nome, onde existem muitas casas de moradores permanentes e menos casas de veraneio. O vocábulo carananduba significa lugar com muito caranã. Caranã designa uma palmeira elegante (Copernica cerifera) que se assemelha ao açaizeiro pelo tamanho e com o buritizeiro pela forma de suas folhas. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)

Praia do Bosque ou praia do Filosofo: região bastante arborizada apresenta ocupação recente. Nela o filosofo paraense Benedito Nunes construiu seu refúgio e hospedou o casal amigo, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre. De seus barrancos podemos ter uma bela vista da ilha das Guaribas. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Maraú: Na língua Tupi, “mará” significa vara para amarrar embarcações, segundo hipótese levantada por alguns estudiosos, o nome da praia decorreria do fato de ser o local tradicional como abrigo de barcos de pescadores, portanto uma enseada de muitos “marás”. Esta praia é uma das favoritas dos surfistas. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Caruara: O significado do termo “Caruara” tem diversas interpretações. Para alguns o nome seria “Carauara” – de Carauá, planta conhecida na região. Para outros é uma referência a uma espécie de corrimento que afeta as articulações e provoca dores reumáticas, também está relacionado com mau-olhado e quebranto. Nesta segunda hipótese, o fato de ser uma enseada escondida e por esse motivo conhecida por poucos, pode ter sido um local, no passado, de isolamento de alguns índios doentes. Atualmente foi descoberta por surfistas que resolveram denominá-la de praia do Cachimbo. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Paraíso: No século XIX, os herdeiros do Padre Antônio Nunes da Silva construíram nesta enseada um sítio agrícola cuja padroeira era Nossa Senhora de Sant’ana. As suas águas são consideradas encantadas pelos pescadores do local. Eles dizem que toda noite uma mulher sai das ruínas da Casa Grande do Sítio para tomar banho na praia e é ela que encantou a praia. Logo após a praia do Paraíso encontramos a embocadura do rio Sucurijuquara (serpente – sucuriju), em Mosqueiro as ideias da Serpente e do Paraíso se associam facilmente. Ela está voltada para a baia do Marajó.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: João Araújo)

Praia da Conceição: Localizada na frente da Casa Grande do Sítio Conceição, recebe esta denominação devido à padroeira do local. Ela está voltada para a baia do Sol.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Padre: Extensão da praia da Conceição, cuja existência de um grande número de pedras proporcionava privacidade aos sacerdotes que iam celebrar missas no orago do Sítio. Ela está voltada para a baia do Sol.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia Grande da Baia do Sol: Banhada pela Baía de mesmo nome, foi habitada por índios que cultuavam o “Deus Sol”. No dia 22 de junho os raios solares costumam formar um ângulo de 90º com a superfície, este fenômeno é denominado equinócio. Ela está voltada para a baia do Sol.


(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)

Praia do Bacuri: Sua orla possuía um grande número de bacurizeiros, o avanço do nível do mar associado às correntes, que são muito fortes nessa região, provocou a erosão do barranco e a derrubada dessas árvores. No passado essa praia recebia o nome de praia do Anselmo, referência a um escravo que após fuga da ilha de Colares foi encontrado morto em suas areias. Ela está voltada para a baia do Sol.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia da Camboinha: A denominação Camboinha é o diminutivo de Camboa, isto é, um pequeno lago artificial nas areias cercado por uma estacada de paus ou pedras que retém peixes e mariscos na maré baixa. Ela está voltada para a baia do Sol.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)
(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia da Fazendinha: Pequena enseada localizada na região onde os herdeiros do Padre Antônio Nunes da Silva construíram uma Fazendinha. Ela está voltada para a baia do Sol.


(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

14 comentários:

  1. Excelente! Um guia turístico mostrando os acessos às praias seria ótimo. Parabéns.

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  2. adoroo mosqueiro !!! umas das melhorres epresentações da nossa região, pena que é tal maltratada pelos goveranntes

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  3. Faltou a praia do cachimbo

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    1. Prezado "Anônimo", até onde sei, praia do cachimbo foi uma denominação dada à praia do Caruara por pessoas que não conheciam seu nome original. De qualquer forma, este Blog está aberto à contribuições, basta informar a localização exata da praia. Devo admitir que mosqueiro é cheio de surpresas.

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  4. Olá,
    De toda essa lista de opções de praias, não acho matéria a respeito de quais são as melhores avaliadas pelos turistas, você sabe nos dizer?
    Por exemplo em 1 dia e meio não consigo conhecer todas mas queria ir nas melhores.

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    1. Infelizmente, no norte do Brasil ainda não temos programas de certificação de praias como o Bandeira Azul. Os órgãos oficiais de turismo também são deficientes nesse aspecto.
      Minha sugestão pessoal é que visite a enseada do Farol e Chapéu Virado que fica em área urbana mais estruturada. Também vale a pena visitar as praias do Maraú e Paraíso.
      Apesar da beleza singular das demais, realmente fica difícil visitar todas em tão pouco tempo.

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    2. No passado, as melhores avaliações eram dadas às praias do Farol e Chapéu Virado. No presente, tem sido Paraiso, Marahu e Farol.

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    3. No passado, as melhores avaliações eram dadas às praias do Farol e Chapéu Virado. No presente, tem sido Paraiso, Marahu e Farol.

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  5. Seria bom um mapa pra identificar a localização de cada uma...

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  6. esse surfista , e das antigas

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  7. O Equinócio acontece em Março e Setembro, variando entre os dia 21 ou 22 desses meses, e não no mês de junho. Em 21 de junho se inicia o solstício de inverno no hemisfério sul.

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  8. Olá! Gostaria de entrar em contato com o autor deste Blog. Se trata da utilização de algumas imagens desse post como referências para aquarela. Estarei aguardando receber notificação de uma resposta. Grato desde já pelo trabalho que é este blog.

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